A personalidade de cada um é moldada segundo a cultura da sociedade na qual está inserido, bem como as experiências de vida que acumulou. É natural que num contexto de alta competitividade e comparação, a pessoa se sinta sempre pressionada e insegura. Viver numa sociedade capitalista implica nunca se satisfazer completamente, desejando e consumindo cada vez mais. Ora, desde quando ser bom não é o bastante? Precisamos ser os melhores para nos sentir bem com nós mesmos, pois, do contrário, sempre haverá uma imperfeição a ser corrigida.
O que faz com que alguém comemore como nunca receber uma medalha de prata, enquanto outros lamentam não ter conseguido o ouro? Uma coisa é não deixar de se aprimorar e confiar no próprio potencial. Outra é se sentir mal por não ser o melhor, ou ter tudo o que quer. Por que tomar uma decisão é tão fácil pra uns e difícil pra outros? Talvez porque uns pensam no que irão ganhar, ao passo que outros preferem pensar naquilo que perderam.
Não se trata de medir-se sempre pelo que está abaixo de si: não lamentar uma perda porque outros estão em situação pior. A situação de cada um varia, tais quais os motivos que podem chateá-lo.
A situação de tristeza é um estado anômalo. Ninguém vem ao mundo para sofrer e procura incessantemente motivos para se aborrecer. Será que não? Possivelmente seja mais cômodo não criar expectativa, se fazer de vítima ou evitar a felicidade extrema, por medo de sentir o oposto logo a seguir.
E será que não podemos celebrar o carro popular por não termos condição de comprar um importado? Será que não podemos apreciar um prato de feijão com arroz por não dispormos de um banquete todos os dias? E será também que faz tão mal sonhar com vôos futuros, enquanto se celebra as conquistas presentes?
Aquele que se contenta com a mediocridade perde a motivação, assim como aquele que só valoriza o que está acima nunca estará plenamente satisfeito. Uma criança pode estampar o maior dos sorrisos ao ganhar uma bicicleta, ou esboçar uma reação de tristeza caso esperasse um jet-ski. Tudo irá depender do contexto e da forma com que ela se acostumou a ver as coisas.
Já reparou o terrível hábito que temos de somente dar valor às coisas quando estamos na iminência de perdê-las? Sentimos uma grande carga de culpa quando temos a sensação de não ter dado a devida importância a certas coisas ou pessoas. Ninguém deve se prender a uma só conquista e se limitar a revivê-la constantemente. Mas isso também não significa que o passado deva ser esquecido. Muitos casais brigam e se separam, ficando apenas com as recordações dos motivos que ensejaram o rompimento do vínculo afetivo. Às vezes, relacionamentos de anos são resumidos a episódios curtos.
De fato, algumas coisas devem ser esquecidas e outras lembradas. A dificuldade repousa na escolha do que escolhemos manter vivo na memória. Tentar enxergar o lado positivo das situações, pretéritas e atuais, demonstra um forte interesse em se buscar a felicidade. Quem só consegue visualizar motivos de aborrecimento e tristeza acaba tendo dificuldade para sorrir. A felicidade é nossa maior meta. Tenha certeza de atribuir a devida relevância a um fato que lhe retire a paz de espírito, pois nem tudo que acontece à nossa volta merece nosso humor.
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