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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Exportadores de mamão mudam foco

Sem vender nada para os Estados Unidos desde agosto, quando começou a disparada do dólar, cuja maior alta se deu em 22 de outubro, chegando a R 2,37, e com menos de 5% da produção sendo comercializada para alguns poucos países da Europa (França, Itália, Alemanha e Inglaterra), os exportadores de mamão do extremo sul baiano estão trabalhando para conquistar um mercado que até então não era prioridade: o interno.

"É o certo a fazer no momento", avalia Arthur Souza Cruz, gerente de estudos e informações da Promo - Centro Internacional de Negócios da Bahia, ligada à Secretaria Estadual de Indústria e Comércio. A tendência, frisa, é haver uma recessão na demanda não só do mamão, mas de todas as commodities - produtos básicos de amplo consumo, produzidos e negociados por várias empresas - brasileiras em 2009.

"O mercado brasileiro é muito vasto e é onde devem ser investidas as esperanças de uma saída para essa crise nas exportações", disse Cruz. Como vantagem para a venda no mercado interno, ele cita as poucas exigências que há. "Os exportadores investem muito para obter os selos internacionais que dão segurança alimentar à fruta e garantem a venda lá fora. Sem muita exigência, o gasto de produção é pouco".

Formosa

De 1º a 29 de outubro, o preço do quilo do mamão da variedade formosa, em Salvador, variou, segundo a Secretaria Estadual de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), 40%, fechando o mês a R 1. A caixa de 21 kg do mamão formosa B no mercado paulista, também de acordo com a Seagri, teve poucas alterações de preço, variando apenas alguns centavos, e encerrou o mês a R 22,89. A variedade que mais teve oscilações no preço foi o havaí: a caixa de 8 kg deste tipo de mamão iniciou o mês de outubro a R 5, caiu para R 4 e fechou a R 6.

Os alvos dos exportadores, com a queda nas exportações, são agora as redes de supermercado do Sudeste e Sul do País, como Carrefour, Pão de Açúcar, Casas Sendas, Irmãos Mofado e Angeloni, com as quais eles já mantinham negociações e que podem agora ser intensificadas. Mas também não será tão fácil, pois a tendência é que haja redução de 40% na oferta do mamão, em todas as variedades, pelo menos nos próximos seis meses.

"Os produtores precisam fazer isso para aumentar o preço da fruta. Não há como continuar produzindo sem ter um mercado comprador que pague por um preço mais elevado. É a lei natural da economia: se a oferta está grande, o preço cai. Caso contrário, sobe", disse o coordenador de conjuntura agrícola da Seagri, Edilson Santos.

Redução

distrito de Mucuri, situado a 975 km de Salvador), Orlando de Oliveira, conta que muita gente que não tinha estrutura não conseguiu suportar essa crise e já deixou o mercado. "Os Estados Unidos fecharam as portas e não estão comprando nada". Ano passado, a produção foi de 73 mil toneladas de mamão. Este ano, no máximo, 60 mil.

"Estamos hoje com 50 toneladas ao dia e vendendo menos de 5% para a Europa", informou o empresário, dono de uma das maiores exportadoras de mamão do extremo sul da Bahia e uma das mais afetadas com a crise.

Oliveira conta que há cinco anos estava produzindo 300 toneladas de mamão por dia e chegou a exportar sete contêineres da fruta por semana - cada contêiner cabe 5.280 caixas de 3,5 quilos. Hoje, exporta menos de um contêiner a preço baixo: 4 euros a caixa de 3,5 quilos. "O custo da produção por quilo está a R 0,55 na roça e estava sendo vendida a R 0,20. Hoje está oscilando entre R 1 e R 1,20". E a estiagem também aumentou os gastos com irrigação.

Na Bello Fruit hoje trabalham 300 pessoas. Mas poderiam ser mais. No galpão onde atualmente estão 70 funcionários, quando as exportações andavam altas eram 150 pessoas. "Não tive como segurar o emprego delas. Reduzimos custos em alguns setores", destacou Orlando, que aponta outra dificuldade encontrada para se produzir mamão no extremo sul: "A cultura do eucalipto se expandiu demais e os donos de terra estão cobrando muito caro para alugar".

Segundo o empresário, o aluguel de um alqueire de terra (cinco hectares), onde se planta no máximo 8 mil pés de mamão, está custando R 622. Há dois anos era R 207. Orlando possui cerca de 450 hectares de terra, sendo que 70% delas no extremo sul e o restante no norte do Espírito Santo, onde ele possui terras próprias. Os custos de produção tiveram alta de preços com frete e insumos agrícolas, que subiram, respectivamente, 20% e 50%.

(Fonte: A Tarde).

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